Eu sou médica e brasileira ,me mudei  para os Estado Unidos no final de 2017, eu acho importante começar minha historia esclarecendo as minhas origens, porque apartir dela tive duas experiências muito diferentes.

Minha filha mais velha nasceu no Brasil , eu tive um parto cesárea e ela nasceu um piuco antes do previsto, com apenas 37 semanas ela chegou a esse mundo pequena para idade gestacional e de baixo peso. Não foi nada facil o nosso começo, tive muita dificuldade com a pega, mas depois de cinco dias meu leite finalmente desceu e as coisas entraram nos eixos. Naquela época não tive uma grande rede de apoio, no hospital em  que minha filha nasceu não existiam  enfermeiras especializadas ou consultors lactacionais . Minha própria experiência com amamentação era frágil e incompleta, visto que não tinha mulheres que amamentaram ao meu redor inclusive minha própria mãe não teve uma boa experiência amamentando. 

Mas apesar de um começo difícil com ajuda do meu parceiro, conseguimos superar as dificuldades e no final fui capaz de amamentar exclusivamente por seis meses. Um dos grandes privelégios que tive por morar no Brasil foi minha licença maternidade de seis meses que me proporcionou o tempo que precisava para estabelecer uma relação forte através da amamentação. Eu amei minha primeira experiência amamentando, mudou não só a minha vida pessoal, mas também a minha vida profissional, posso dizer que minha pratica profissional amadureceu e melhorou após a maternidade.

Bom mas como na vida nem tudo são flores como diz o velho ditado, apesar de ter essa experiência maravilhosa amamentando e sendo mãe, não posso dizer o mesmo da minha vida profissional e social, quando tive minha primeira filha nenhum dos meus amigos tinham filhos e isso me isolou porque eles não sabiam como me integrar nos circuitos sociais, porque afinal agora eu era mãe e com isso veio a solidão e junto o purpério! No ambiente profissional também não foi nada fácil, no meio médico nao temos tempo para pausas e apesar de aconselhar de forma diferente nossos pacientes nós mesmos não nos respeitamos e nos obrigamos a voltar aprática o mais rapido possível para obter o tão esperado sucesso profissional.

Até hoje lembro nitidamente a noite na qual tentava insistentemente por minha filha pra dormir porque tinha que trabalhar no outro dia, e lembro também a frustação e ansiedade que isso gerava em mim, foi naquele momento em que tive um insight, na busca insana por voltar a vida normal eu esqueci de tentar descobrir o que era o normal pra mim! E foi apartir desse momento que eu me rendi a minha nova realidade e aceitei, e ao contrário do que eu esperava, ao invés de me prender eu encontrei liberdade! Foi então  que minha vida começou a voltar ao normal, e eu finalmente vi luz no fim do tunel!

Com meu segundo filho minha experiência foi completamente diferente, dessa vez optei por um parto natural, nao so por realmente acreditar nos benefícios que ele gera , mas tambem pela minha própria experiência profissional, o que não falei até agora é que no brasil eu sou obstetra e eu sempere quis saber o que minhas pacientes passavam ao parir de forma normal, para que assim pudesse oferecer um melhor suporte. E pra mim foi uma das melhores experiências que tive na vida! Nunca vou esquecer o momento que peguei meu filho nos braços e coloquei no peito, sozinha sem precisar de ajuda, com a enxurrada de hormônios senti que apartir dali sería capaz de qualquer coisa! Que experiencia empoderadora!

Após amamentar meus dois filhos e tendo experiências tão engradencedoras e recompessadoras me encontrei com a necessidade de dividir isso com outras mães e talvez através da minha experiência e conhecimento técnico proporcionar pra essas mães a possibidade de elas também vivenciarem isso.

Foi nessa busca que encontrei o grupo La leche league  e lá nao só cultivei grandes amizades mas também aprendi muito com tantas outras mães! Sou muito grata por essa oportunidade e espero que mais pessoas consigam ver a maternidade e a amamentação de forma mais natural e essencial para nossa própria sobrevivência como seres humanos! Mãe são capazes de tudo, inclusive de mudar o mundo para melhor!

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Agosto 2020